Ciclos Avaliativos / Gestão da Tecnologia da Informação
A terceira etapa da pesquisa sobre a Gestão de Meios avaliou a Gestão da Tecnologia da Informação (TI) na Universidade de Brasília. A escolha do tema atendeu a demanda do Conselho de Informática (CIN) e do Centro de Informática (CPD), órgãos responsáveis pela elaboração do Plano de Desenvolvimento de Tecnologia da Informação (PDTI) da UnB. Para atender as normas definidas pelos órgãos federais para a área de tecnologia, tornou-se necessária a coleta de dados e informações internas não disponíveis na UnB, até o início da pesquisa.
O diagnóstico preliminar da área de TI da Universidade, realizado pelo CEAG, juntamente com o CPD e o CIN evidenciava como características dessa área na UnB: a inadequação dos processos relacionados à gestão de pessoas, a deficiente estrutura organizacional dos órgãos centrais, a inadequação do planejamento da área e o desconhecimento da UnB sobre as práticas de gestão de TI adotadas em suas unidades.
A realização do ciclo avaliativo da área de TI foi planejado para ser realizada por meio de consultas a dois grupos da comunidade universitária. O primeiro grupo, como nas etapas anteriores da pesquisa, era composto por gestores de unidades integrantes do sistema de planejamento institucional (Decanatos, Faculdades, Institutos, Centros, Órgãos Complementares e Secretarias). O segundo grupo foi constituído por especialistas e grandes usuários internos da área de TI.
O processo de avaliação adotou uma abordagem construtivista em que o instrumento de avaliação foi desenvolvido por pesquisadores do Centro de Estudos Avançados de Governo e Administração Pública (CEAG) em parceria com as equipes do Conselho de Informática (CIN) e do Centro de Informática (CPD) da UnB.
Participantes do ciclo avaliativo da gestão de TI
Coordenação:
Equipe CEAG
- Paulo Calmon – Pesquisador do CEAG e Professor do IPOL e do PPGA
- Marcelo Quirino – Pesquisador do CEAG e professor da Engenharia da Produção/FT
- Rondon Andrade – Pesquisador do CEAG
- Nair Miranda – Pesquisadora do CEAG, economista da UnB
- Talita de Souza Cavalcanti – Pesquisadora do CEAG, psicóloga
- Juliana Freitas – Pesquisadora do CEAG, psicóloga
Equipe do Centro de Informática (CPD) e do Conselho de Informática
- Prof. Jacir Bordim – Diretor do Centro de Informática
- Prof. Jorge Henrique Cabral Fernandes– Presidente do Conselho de Informática
- Helda Pinheiro
- Paulo Argolo
- Chicre Rachid
- Francisco Jackson Alves de Freitas
- José Pena Gonzalez
- Cleison Fernando Lucas
- Domingos Pereira
- José Rubens
Sigla | Gestor | Sigla | Gestor |
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Unidades Acadêmicas | |||
FAC | David Renault da Silva | IB | Sônia Nair Bao |
FACE | Roberto de Góes Ellery Júnior | ICS | Gustavo Sérgio Lins Ribeiro |
FAU | Andrey Rosenthal Schlee | IDA | Suzete Venturelli |
FAV | Cícero Lopes da Silva | IE | Noraí Romeu Rocco |
FCE | Diana Lúcia Moura Pinho | IF | Geraldo Magela |
FD | Ana Frazão de Azevedo Lopes | IG | Detlef Hans Gert Walde |
FE | Inês Maria Pires de Almeida | IH | Estevão Chaves de Rezende Martins |
FEF | Alexandre Luiz Gonçalves de Resende | IL | Maria Luisa Ortiz Alvarez |
FGA | Alessandro Borges de Souza Oliveira | IP | Gardenia da Silva Abad |
FM | Paulo César de Jesus | IPOL | Marilde Loiola de Menezes |
FS | Francisco de Assis Rocha Neves | IQ | Jurandir Rodrigues de Souza |
FT | Antônio César Pinho Brasil Júnior | IREL | Eiiti Sato |
FUP | Marcelo Ximenes Aguiar Bizerril | ||
Centros | |||
CDT | Luís Afonso Bermúdez | CET | Neio Lucio de Oliveira Campos |
CEAD | Athail Rangel Pulino Filho | CETEC | Monica Molina |
CEAM | Ana Maria Nogales Vasconcelos | CIFMC | Tarcisio Marciano da Rocha Filho |
CEDOC | José Carlos Andreoli | CIORD | Jorge Madeira Nogueira |
CEPLAN | Alberto Alves de Faria | CME | Francisco Assis Lima |
CEFTRU | Sérgio Ronaldo Granemann | CPCE | Armando Bulcão |
CEPPAC | Lucio Remuzat Renno Junior | CRAD | José Roberto Rodrigues Pinto |
CESPE | Ricardo Carmona | DATAUNB | José Ângelo Belloni |
Unidades Administrativas | |||
DAC | Rachel Nunes da Cunha | PJU | David Monteiro Diniz |
DAF | Pedro Murrieta Santos Neto | PRC | Paulo César Marques |
DEG | Márcia Abrahão Moura | SPL | Hélio Marco Neiva |
DPP | Denise Bomtempo Birche de Carvalho | SRH | Gilca Ribeiro Starling Diniz |
AUD | José Avelar dos Santos | SEI/ SGP | José Augusto Abreu Sá Fortes |
INT | Ana Flávia Granja e Barros | ||
Órgãos Complementares | |||
BCE | Sely Maria de Sousa Costa | FAL | José Mauro da Silva Diogo |
CPD | Jacir Luiz Bordim | HUB | Gustavo Adolfo Sierra Romero |
EDU | Norberto Abreu e Silva Neto |
Especialistas e Grandes Usuários respondentes da pesquisa sobre gestão de TI
Entrevistadores | |
Afonso de Sousa – GRE | José Carlos Andreoli – CEDOC |
Alberto Alves de Faria – CEPLAN | José Carlos Balthazar – FTa |
Amaralina Miranda de Souza – CIN | José Felippe Beaklini Filho – FIS |
Armando Bulcão – UnB TV | Leonardo Lazarte – Redecomep -DF |
Arnaldo Carlos Alves – SAA | Luiz Affonso Bermudez – CDT |
Bernardo Kippnis – FE | Mamede Lima Marques – CPAI |
Carlo Henrique Goretti Zanetti – CIN | Marcelo Ladeira – CPD |
Claudio Gottschalg Duque – CIN | Noraí Romeu Rocco – IE |
Eduardo Leonardecz Neto – CIN | Ricardo Carmona – CESPE |
Eduardo Oliveira Soares – CIN | Rildo Ribeiro dos Santos – FACE |
Elmira Luiza Melo Soares Simeão – CID | Rodrigo Miranda Barbosa – CIN |
Hélio Marcos Neiva – SPL | Sérgio Ronaldo Granemann – CEFTRU |
Jacir Luiz Bordim – CPD | Silvano da Silva Pereira – PRC |
Jorge Henrique Fernandes – CIN | Sônia Nair Bao – IB |
Apoio Cespe
Elisete Rodrigues de Souza
Eric de Oliveira Campos
Fabiana Queiroga
Jorge Amorim Vaz
Maria Osmarina do E. S. Oliveira
Tatiane Luzia de Souza
Rosalina Pereira (Tuca)
Grupo Focal
Lourival Milhomem Filho – Assistente da FACE
Valdeci da Silva Reis – Assistente do IG
Vanderlei Crisostomo Valverde – Assistente do IPOL
Entrevistadores | |
Akpaulai Timothée Bezalel Konan | Arthur de Oliveira Corrêa |
Cris Hellen Xavier Carvalho | Diogo Ribeiro da Fonseca |
Gregório De Sordi Gregório | Heidmilene Gonçalves Rocha |
Isabela Andrade Ribeiro | Isabela de Macedo Soares |
Jéssica de Sousa Deus | Josimar dos Santos Fernandes |
Juliana de Sales Freitas | Laryssa Gabrielle Oliveira Silva |
Lígia Cubel Queiroz Gonçalves | Luciana Carvalho Oliveira |
Márcia Aparecida Carneiro Santana | Michele Cabiló Alves de Santana |
Rafael Villela Macedo | Rayanne Kely Alves Ferreira |
Rodolfo Sales Parente | Rose Samtra Guedes Zahn |
Samara Monteiro Pereira | Samuel Edem Leite da Silva |
Sílvia Regina Portela de Souza | Talita de Souza Cavalcanti |
Zeile Teixeira de Souza |
Metodologia
A coordenação da pesquisa desenvolveu em parceria com o Conselho e o Centro de Informática dois questionários para a captação das informações necessárias à elaboração do diagnóstico e do PDTI.
A seleção dos itens foi feita com base em trabalho desenvolvido no FORPLAD, Questionário Elaborado pelo Conselho de Informática, COBIT, Normatização do Tribunal de Contas da União (TCU) e Instruções Normativas da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento (SLTI/MPO).
O Questionário 1, aplicado na avaliação da gestão de TI na UnB aos gestores de unidades foi composto por um único foco – relacionado à percepção dos gestores universitários sobre a gestão da área – e em 12 dimensões.
O Questionário 2, aplicado a especialistas e grandes usuários de serviços de TI da UnB foi estruturado em dois blocos distintos. No primeiro, foram apresentadas as questões relacionadas às bases para a definição das políticas para a governança de TI na UnB.
No segundo bloco foi investigada a posição dos especialistas acerca da prospecção de cenários.
Resultados da pesquisa sobre Gestão de TI – Percepção dos Gestores
Planejamento
- As Unidades consideraram o planejamento de TI da Universidade pouco adequado às suas necessidades.
- 25 unidades (42,4% do total de unidades entrevistadas) contemplaram no PDI menos de 50% das atividades de TI desenvolvidas.
- Grande número de unidades não contemplava adequadamente as atividades de TI no planejamento anual da Unidade.
Gestão de Pessoas na área de TI
- A quantidade e o perfil das pessoas que atuavam em TI nas Unidades caracterizavam áreas com fragilidades importantes e que demandavam intervenção urgente.
- Havia um número razoável de pessoas bem capacitadas atuando na área de TI das Unidades, mas esse número era claramente insuficiente para atender as necessidades existentes.
- Na UnB, 415 pessoas integravam equipes da área de TI, mas apenas 23,6% delas estavam lotadas no Centro de Informática. O Cespe e o Ceftru possuíam, em conjunto, número superior de servidores da área que o CPD (i.e, 27,5%). Os demais profissionais de TI eram lotados de forma dispersa em outras unidades administrativas e acadêmicas.
Atividades de Capacitação
- Na UnB, 52,5% das unidades entrevistadas consideraram insuficiente a quantidade de cursos e treinamentos oferecidos pela UnB aos usuários de sistemas corporativos e 25,5% e avaliaram de forma negativa a sua qualidade.
- Em relação aos cursos e treinamentos oferecidos pela UnB a docentes, técnicos e estudantes da própria Universidade, 42,3% das unidades avaliaram essa quantidade como “ruim e péssimo” e 22,1% consideraram a qualidade nessa mesma categoria.
Equipamentos Computacionais
- A pesquisa apontou uma avaliação positiva por parte das unidades entrevistadas.
- Quase 60% dos entrevistados consideram que a quantidade, qualidade e atualidade dos equipamentos disponíveis eram de nível “bom” e “excelente”.
Softwares e Sistemas corporativos
- Houve grande dispersão de opiniões em relação à capacidade dos sistemas corporativos da UnB atenderem às necessidades de informação das Unidades:
- 11,9% avaliaram como “péssimo”;
- 27,1% avaliaram como “ruim”;
- 25,4% avaliaram como “médio”;
- 27,1% avaliaram como “bom”;
- 3,4% avaliaram como “excelente”.
Compras de Bens e Serviços de TI na UnB
- Houve polarização em relação às opiniões dos entrevistados:
- 30,5% consideravam a especificação dos padrões para compras de equipamentos inadequada, enquanto também 30,5% a consideravam adequada.
- 32,2% julgavam que o serviço prestado pela área de compras da UnB no atendimento a demandas de aquisição de equipamentos e serviços de TI era “ruim” ou “péssimo”. Praticamente a mesma proporção de entrevistados (33.9%) consideravam que tais serviços tinha nível “bom” ou “excelente”.
- 30,5% das unidades entrevistadas avaliavam negativamente a qualidade dos equipamentos e serviços de TI adquiridos pela Universidade, enquanto 37,3% avaliaram positivamente este quesito.
- Cerca de 50% das unidades entrevistadas fazia aquisição direta de softwares, sendo que 32,2% tinha pessoal técnico próprio para sua instalação. A ausência de coordenação e controle nas aquisições de softwares acarretavam redundância, desperdício de recursos e ineficiência alocativa.
- 1/3 das unidades contratava diretamente a prestação de serviços de TI (sistemas, manutenção de equipamentos, aplicativos ou softwares de sistemas de informação).
- Poucas unidades comunicavam o recebimento ou aquisição de equipamentos ou softwares. As entrevistas evidenciaram que 18,6% das comunicações eram feitas ao CPD, 16,9% ao CME, 37,% ao Patrimônio e 11,9% das unidades não comunicavam a nenhum órgão da UnB.
Rede da UnB (RedUnB)
- Os entrevistados fizeram uma avaliação mais positiva do que negativa em relação aos aspectos relacionados à RedUnB.
- Foram apontadas necessidades de aperfeiçoamento em três itens: quantidade de pontos de acesso (por meio de conexão por cabeamento e/ou rede sem fio), qualidade do acesso (estabilidade e velocidade da rede) e qualidade da manutenção (facilidade de solicitação de serviços, tempo de resposta, competência do prestador de serviço, atenção e cortesia no atendimento).
Sítio da UnB e das unidades na Web
- Sítio da UnB na web:
- 57,6% das unidades entrevistadas consideraram “excelente” ou “boa” a qualidade da página web da Universidade (apresentação gráfica, clareza dos conteúdos, facilidade de navegação). Apenas 11,9% consideraram esse item como “péssimo” e “ruim”.
- A avaliação foi ainda mais positiva em relação à atualidade das informações e notícias divulgadas, visto que 59,3% das unidades consideraram esse item como sendo “excelente” e “bom”.
Sítio das unidades na web
- 47,5% dos entrevistados julgaram que a qualidade do sítio de suas unidades na web (apresentação gráfica, clareza dos conteúdos, facilidade de navegação) era “péssima” ou “ruim”. Apenas 20,3% consideraram esse item como “excelente” e “bom”.
- Em relação à atualidade das informações e notícias divulgadas, a avaliação também não foi positiva: 27,1% dos entrevistados avaliaram o item como “excelente” ou “bom”, enquanto 47,5% avaliaram como “péssimo” ou “ruim”.
- Apenas 49,2% das unidades entrevistadas hospedam suas páginas no CPD da UnB, enquanto 33,9% hospedam as páginas na própria unidade e 8,5% hospedam em outra unidade ou fora da UnB.
Segurança em Tecnologia da Informação (TI)
- 66% das unidades não possuíam política de segurança da sua rede própria de TI.
- Em relação à qualidade dos equipamentos, softwares e serviços de segurança de redes para atendimento da unidade, as posições eram polarizadas: 25,4% avaliaram o item como “péssimo” ou “ruim”, enquanto 32,2% avaliaram como “bom” ou “excelente”.
- Também houve polarização quanto à adequação dos equipamentos: 30,5% dos entrevistados avaliaram como “ruim” ou “péssimo”, enquanto a mesma quantidade avaliou como “bom” ou “excelente”.
Nível de Conhecimento das Políticas e Normas de TI da UnB
- 45,8% dos gestores de TI das unidades avaliaram como “ruim” ou “péssimo” seu conhecimento das políticas e normas que regiam o uso de TI na UnB. Apenas 17% dos entrevistados avaliaram como “bom” e “excelente” seu próprio conhecimento.
- Foi evidenciado que a Universidade carecia de normas disseminadas que orientassem a gestão de TI.
Nível de Satisfação sobre a Gestão de TI na Universidade
- Verificou-se significativo grau de polarização em relação ao nível de satisfação a respeito da gestão de TI nas unidades: 28,8% dos entrevistados identificaram o nível da gestão de TI na sua unidade “péssimo” ou “ruim”, enquanto 33,9% a consideraram no nível “bom” ou “excelente”.
- Em relação ao nível de satisfação sobre a gestão de TI na UnB, 35,6% dos entrevistados afirmaram ser “péssimo” ou “ruim” e 23,7% avaliaram como “bom”.
Resultados do MCDA na Avaliação da Gestão da TI – Percepção dos Gestores
As respostas dos gestores evidenciaram que as dimensões mais críticas na gestão da área de TI na UnB eram: planejamento, capacitação e qualidade dos serviços prestados internamente.
Vale ressaltar, entretanto, que a pontuação média atribuída pelos entrevistados a outras dimensões, situava-se, em geral, pouco acima de 50, em uma escala máxima de 100 pontos.
Os gestores de unidades acadêmicas e administrativas apresentaram diferentes posições ou graus de avaliação nas seguintes dimensões avaliativas da TI: gestão de pessoas, equipamentos computacionais e segurança.
Resultados da pesquisa sobre Gestão de TI – Opinião dos Especialistas e Grandes Usuários
O resultado da pesquisa junto aos especialistas e grandes usuários demonstrou existir consenso sobre a importância e, em grande medida, sobre os principais riscos e ameaças à gestão de TI na UnB.
- Em relação à importância, houve consenso sobre a necessidade de um sistema de planejamento efetivo e abrangente, que fomentasse a implantação de ações articuladas e compusesse uma perspectiva integrada para a gestão de TI, estabelecendo um modelo de governança de TI coerente.
- O risco de descontinuidade dos sistemas (equilíbrio do tripé formado pela: (i) infraestrutura tecnológica, (ii) desenvolvimento de aplicativos, (iii) capacitação e valor de uso pelos gestores e usuários) é considerado o item com maior probabilidade de ocorrência e, portanto, aquele que gera mais incerteza para o futuro da gestão de TI na Universidade.
Houve consenso dos especialistas sobre a importância e as prioridades que a UnB deva seguir, coexistindo com certo pessimismo quanto à possibilidade de estabelecimento de bases consistentes para a gestão de TI, como evidenciado a seguir.
Grau de Importância das dimensões relacionadas à política de TI na UnB: valores atribuídos
e análise gráfica.
Probabilidade de Ocorrência dos Eventos nas Dimensões Avaliadas: Pontuação Atribuída
e Análise Gráfica.
Conclusões e Recomendações
A área de gestão de TI da UnB estava profundamente fragilizada e carecia de um modelo de governança coerente e consistente. Tratava-se de área que demandava intervenção urgente, pois acarretava riscos institucionais importantes, inclusive de questionamentos por parte dos órgãos normativos na área.
Quanto às mudanças preconizadas, ressalte-se a forte polarização nas opiniões sobre os sistemas corporativos existentes. Em outras palavras, a Universidade estava dividida nas suas avaliações sobre os sistemas corporativos em funcionamento. Muitas Unidades acreditavam que, apesar das fragilidades existentes, esses sistemas atendiam adequadamente ao que era demandado por elas. Assim, mudanças rápidas e drásticas nos sistemas corporativos, isoladas de mudanças fundamentais no modelo de governança de TI podem ter consequências muito graves na gestão dos processos estruturantes da UnB.
O processo de mudanças na governança de TI da UnB deveria acompanhar o desenvolvimento e a implantação de sistemas corporativos que atendessem com efetividade às demandas existentes e que estabelecessem bases coerentes e sustentáveis para o apoio à gestão da Instituição como um todo.
A seguir são apresentadas algumas recomendações para ações na gestão de TI na Universidade de Brasília, decorrentes da análise dos resultados da pesquisa realizada.
Estrutura de Governança de TI
Principais problemas
- Grande fragmentação e desagregação da estrutura de gestão de TI.
- Falta de institucionalidade e padronização dos processos de gestão de TI e dependência excessiva de um grupo restrito de profissionais que atuam na área.
- Ausência de política de gestão de pessoas na área de TI. Problemas de contratação, retenção e capacitação das pessoas que atuam na área.
- A inexistência de um conselho superior, ativo e com condições de dar prioridade ao atendimento de demandas e a aplicação de recursos.
- Inexistência de política que garanta independência criativa das unidades, mas que, ao mesmo tempo, permita a coordenação das ações de TI.
Alternativas de intervenção
- Implantar um modelo de gestão estratégica, que garanta a interoperabilidade entre sistemas e integração das ações de TI.
- Desenvolver ações da Reitoria assegurando que todas as Unidades se adequem aos princípios do novo modelo de gestão estratégica, assim como às normas de gestão de TI no setor público.
- Estabelecer nova arena deliberativa e instância decisória para a gestão de TI, que substitua o modelo atual fundamentado no Conselho de Informática. A política de TI seria deliberada por uma Câmara ou Conselho, com representação dentro da estrutura da UnB e vinculada a um Decanato, preferencialmente o Decanato de Administração ou o novo Decanato de Planejamento e Orçamento.
- Reestruturar o Centro de Informática. O CPD passaria a ter nova vinculação hierárquica aos órgãos da Administração Central e contaria com estrutura organizacional mais sólida composta por diretorias.
- Conceder maior autonomia orçamentária do CPD, que passaria a ter recursos financeiros programados para investimento na área de TI.
Planejamento das Ações de TI
Principais problemas
- Ausência de plano estratégico e de definição de prioridades institucionais na área de TI.
- Ausência de instrumentos para mapeamento e articulação das demandas das unidades.
- Ausência de instrumentos de planejamento e programação orçamentária para investimento em TI.
- Carência de instrumentos e padrões para formulação, implantação e avaliação das ações de TI.
- Não atendimento às normas e diretrizes para gestão de TI fixadas pelos órgãos da administração pública federal, assim como pelos órgãos de controle.
Alternativas de intervenção
- Elaborar o PDTI – Plano Diretor de Tecnologia de Informação, conforme requerido pela legislação federal.
- Estabelecer plano estratégico de TI, considerando as demandas das Unidades, da Universidade e as diretrizes do governo para o setor público. O plano deve complementar, detalhar e estender as decisões que constem do PDTI.
- Incluir as ações de TI nos planos das Unidades e da Universidade e consolidá-las no orçamento de TI da Universidade.
- Garantir que o orçamento de TI seja compulsoriamente vinculado à adesão aos seguintes itens: (i) (i) sistema de planejamento das ações de TI e (ii) adoção de um modelo de interoperabilidade de sistemas e de uniformização da arquitetura da informação.
Gestão de Pessoas e Capacitação em TI
Principais problemas
- Quantitativo insuficiente de quadros especializados nas diversas áreas de TI.
- Dificuldade em reter quadros especializados em função de ausência de estrutura de incentivos (baixa salários, perspectivas de promoção na carreira, etc).
- Ausência de uma política estruturada de capacitação de pessoas para atuar na área, não apenas nos órgãos gestores de TI (PRC, CPD e CME), mas também nas Unidades Acadêmicas e Administrativas.
- Ausência de local adequado para realização dos programas de capacitação na área de TI.
Alternativas de intervenção
- Redimensionar a necessidade de pessoal de informática dos órgãos gestores e das demais Unidades (pessoal permanente, temporário e terceirizado).
- Estabelecer um programa estratégico de capacitação, com metas claramente definidas para a Universidade e para cada Unidade, explicitado no PDI e que contemple programas de graduação, extensão e de pós-graduação (lato e stricto sensu) de natureza presencial e a distância.
- Estabelecer programa de capacitação e atualização especificamente voltado para os sistemas corporativos da Universidade, que permita a todos os usuários obter os conhecimentos necessários para utilizar esses sistemas.
- Utilizar os incentivos e mecanismos específicos que permitem a realização de cursos de capacitação, inclusive viabilizando a remuneração de técnicos e professores que se dediquem às atividades docentes nessas iniciativas (gratificação “cursos e concursos”).
- Aperfeiçoar os mecanismos de divulgação dos programas de capacitação existentes, utilizando os canais já implantados (InfoUnB, página na Web, etc), assim como gerando novas estratégias e instrumentos.
Sistemas Corporativos da Universidade
Principais problemas
- Há uma considerável polarização de opiniões sobre os sistemas corporativos hoje existentes na Universidade: 39% dos entrevistados avaliam esses sistemas de forma negativa, enquanto 31% avaliam de forma positiva.
- As entrevistas realizadas demonstraram que há considerável insatisfação no que se refere ao atendimento ao usuário dos sistemas corporativos, embora esse item também apresente polarização.
- Outro elemento que foi objeto de insatisfação diz respeito à ausência de programas estruturados de capacitação do usuário dos sistemas corporativos, voltados ao treinamento de novos servidores, assim como para a atualização de conhecimentos.
- No que se refere ao desenvolvimento dos sistemas existentes, assim como o desenvolvimento de novos sistemas, há uma preocupação marcante com a falta de planejamento, assim com a ausência de padrões, modelos e iniciativas que promovam a interoperabilidade dos sistemas.
- Verifica-se também a ausência de diretrizes claras para definição de prioridades em relação às demandas para desenvolvimento de novos sistemas, sejam eles de abrangência institucional ou para uso interno das Unidades.
- Inexistência de política que oriente a busca e estabelecimento de parcerias externas para desenvolvimento de sistemas.
Alternativas de intervenção
- Adotar padrões de interoperabilidade para o que não está no atual escopo de serviços ofertados pelo CPD, e o papel de orientador do CPD parecem ser a melhor alternativa para a criação de uma federação de sistemas de informação na UnB.
- Definir uma política de outsourcing, ou seja, diretrizes e procedimentos que orientem a busca e estabelecimento de parcerias externas para desenvolvimento de sistemas, ressaltando que sempre deverão ser subordinados à ótica dos interesses estratégicos da Universidade. Essa parceria pode ocorrer através de convênios, contratos, cooperação técnica, etc. Mas, independente do instrumento utilizado, deve sempre refletir a política institucional da UnB.
Compras de Bens e Serviços de TI
Principais problemas
- As respostas analisadas indicaram a existência de grande polarização no que se refere a três itens relativos às compras de equipamentos na UnB:
o Especificação dos padrões para compra dos equipamentos de TI;
o Qualidade dos equipamentos e serviços de TI adquiridos;
o Qualidade dos serviços prestados pela área de compras no atendimento das demandas. - Aquisição direta e independente de softwares e hardware por cerca de 50% das Unidades, sem análise prévia por parte dos órgãos centrais de gestão de TI, conforme determina a legislação pertinente.
- Contratação direta de prestação de serviços de TI por aproximadamente 1/3 das unidades, sem a análise prévia por parte dos órgãos centrais, estabelecendo uma estrutura independente e paralela de provisão de serviços de TI.
- Falta de informação dos órgãos responsáveis de gestão de TI sobre as aquisições de bens e serviços realizados pelas unidades administrativas e acadêmicas, o que obstaculiza o acompanhamento das ações de TI.
Alternativas de intervenção
- Implantar uma política abrangente, estruturada e efetiva de aquisição de bens e serviços de TI, com vistas a minimizar a redundância, desperdício de recursos e ineficiência alocativa.
- Desenvolver um sistema de planejamento de aquisição de bens e serviços, que permita a gestão estratégica das ações de TI, assim como o acompanhamento adequado das demandas presentes e futuras.
- Desenvolver um sistema de controle das aquisições de bens e serviços de TI que abranja aquelas desenvolvidas pelas Unidades. Isso implicaria não necessariamente na centralização das compras de bens e serviços, mas na existência de um sistema centralizado de controle das aquisições feitas de maneira descentralizada.
RedeUnB
Principais problemas
- Considerável polarização das opiniões dos entrevistados em relação à Rede UnB. Aproximadamente metade dos respondentes manifestou insatisfação com itens relativos à abrangência, estabilidade, velocidade e os serviços associados à manutenção da rede. Há, portanto, indícios de que a Rede UnB atende às demandas de forma apenas parcial e assimétrica.
Alternativas de intervenção
- Realizar amplo levantamento a respeito da real situação da Rede UnB, com vistas ao atendimento às demandas das Unidades, que não são uniformes.
Sítio na Web
Principais problemas
- Ausência de uma política claramente definida que oriente a elaboração e implementação das páginas Web das unidades.
- Ausência de uma estrutura de apoio à elaboração e atualização das páginas Web das Unidades que hoje dependem de iniciativa própria.
- Mais da metade das Unidades entrevistadas afirmou que não hospeda suas páginas na web no CPD. Há, portanto, forte indicação da ausência de comunicação e coordenação entre as Unidades e os gestores de TI.
Alternativas de intervenção
- Implantar uma política integrada para elaboração e atualização das páginas de todas as Unidades da Universidade, que assegure uma padronização na identidade visual, no conteúdo, nos padrões de segurança, assim como tornando as páginas mais amigáveis aos portadores de necessidades especiais.
- Implantar no CPD uma estrutura centralizada de apoio para elaboração e gestão das páginas das Unidades Acadêmicas e Administrativas contemplando, entre outros elementos, programas de capacitação dos servidores das Unidades responsáveis pela atualização das páginas.
- Incentivar o uso da estrutura do CPD como ambiente adequado para hospedagem das páginas das Unidades.
Segurança de TI
Principais problemas
- Ausência de política de segurança que garanta a integridade dos sistemas e informações disponíveis nas Unidades.
- Dois terços das Unidades entrevistadas manifestaram não possuir política de segurança para sua rede de TI.
- Considerável polarização das opiniões a respeito dos seguintes aspectos: (i) qualidade dos equipamentos, softwares e serviços relativos à segurança da rede da Unidade; (ii) adequação dos equipamentos para segurança da rede da Unidade.
Alternativas de intervenção
- Implantar uma política integrada de segurança da informação na Universidade, que estabeleça padrões, normas e procedimentos aplicáveis a todas as Unidades.
- Padronizar os sistemas e equipamentos para gestão da segurança da informação nas Unidades.
- Desenvolver uma estrutura especializada para gestão da política de segurança da Universidade que, dentre outras atividades, dissemine normas e procedimentos, capacite pessoas, gerencie riscos, monitore ações e apoie a implantação da política de segurança no âmbito das Unidades.
Qualidade dos Serviços Prestados pelos Órgãos de TI
Principais problemas
- A gestão de TI na Universidade é implementada de forma fragmentada, com considerável ausência de coordenação entre as três unidades diretamente responsáveis (CPD, PRC e CME) à despeito do fato de que todas elas estão diretamente vinculadas à Reitoria. Com isso, o usuário tem que recorrer a diferentes Unidades para resolver problemas relativos à TI.
- É baixa a capacidade de resolução de problemas, a demora no atendimento às demandas é considerável e a qualidade dos serviços prestados é bastante deficiente, especialmente no que se refere à atuação do CME e da PRC. Em decorrência disso, há consenso de que os serviços prestados pela PRC e pelo CME estão abaixo do esperado. 61% dos entrevistados avaliaram negativamente os serviços da PRC, enquanto 54% entrevistados avaliaram negativamente os serviços do CME.
- Quanto ao CPD, há considerável polarização de opiniões relativas à qualidade dos serviços prestados. Aproximadamente 1/3 dos entrevistados avaliam negativamente os serviços prestados pelo CPD, enquanto aproximadamente 1/3 avaliaram positivamente esses serviços.
- Como notado anteriormente, há carência de pessoal especializado, assim como de uma estrutura de incentivos que promovam a qualidade nos serviços hoje realizados (baixo salário, ausência de plano de carreira, carência de programa de capacitação, etc.).
Alternativas de intervenção
- Promover mudanças fundamentais no modelo de gestão de serviços de TI, de forma tal a permitir a integração e articulação das ações relacionadas à prestação de serviços de TI.
- Implantar um sistema de aferição e controle da qualidade, assim como de avaliação da satisfação do usuário.